A obesidade é uma epidemia que vem crescendo assustadoramente nos últimos anos em todo o mundo, e vem acometendo cada vez mais as nossas crianças. Infelizmente, o que temos visto é um quadro extremamente preocupante, pois elas estão ingerindo alimentos altamente calóricos e pobres em nutrientes, como doces, refrigerantes, fast foods, salgadinhos etc. Sabemos que este histórico alimentar levará estas crianças a se tornarem jovens geralmente com excesso de peso, conseqüentemente adultos com uma saúde precária e idosos (se chegarem lá) com sérios problemas.
A mídia vem cumprindo importante papel na divulgação desta problemática. Contraditoriamente, a própria mídia, no que se refere às propagandas apresentadas na televisão, jornais e revistas, vem contribuindo e estimulando o consumo de alimentos sem valor nutricional, além de utilizar-se de estratégias de marketing para captarem as crianças como potenciais influenciadoras nas compras dos pais. A mídia utiliza várias formas de propaganda visando "fisgar" esses potenciais consumidores, geralmente associando aos produtos ícones da sociedade, atletas de renome, crianças de sucesso e personagens de desenhos animados, como o Pernalonga e o Mickey Mouse. Na briga por um lugar no mercado, as empresas também costumam agregar ao produto algum atrativo, como brinquedos, figurinhas, artigos para coleção, pois. desta forma, fazem com que as crianças praticamente "obriguem" os pais a adquirirem suas mercadorias.
Nas prateleiras dos supermercados, os produtos destinados aos "baixinhos", ficam localizados nas partes mais baixas, bem ao seu alcance, de forma que, facilmente, possam colocá-los nos carrinhos de compra. Alguns estudos foram feitos com o intuito de discutir esta problemática e um deles foi desenvolvido por Almeida (2002), em que se objetivou analisar a quantidade e a qualidade de produtos alimentícios veiculados por três principais redes de canal aberto da televisão brasileira. Os dados foram obtidos por meio de gravações dos comerciais no período de agosto de 1998 a março de 2000. Nesta pesquisa, percebeu-se que a maior parte dos comerciais veiculados na televisão era de produtos alimentícios e 57,8% estavam no grupo das gorduras, óleos, açúcares e doces, e apenas 9,3% eram de leguminosos. Na pesquisa verificou-se ainda a completa ausência de comerciais sobre a importância do consumo de frutas e vegetais.
São resultados que realmente chamam a atenção, visto que as crianças, hoje, passam muito tempo sentadas diante da televisão. Tal comportamento estimula cada vez mais o sedentarismo, outro fator que contribui para o crescimento da obesidade infantil. As empresas têm cada vez mais explorado o marketing na hora de anunciar seus produtos. Podemos perceber que as embalagens são extremamente coloridas e chamam a atenção dos pequenos, contribuindo para o seu consumo. De acordo com McNeal (2000), as crianças estão no mercado primário de influências, pois vêm orientando os pais sobre a forma de como vão gastar o orçamento familiar na questão da compra no supermercado, e ainda, eles serão os consumidores do futuro. O autor também descreve cinco etapas do desenvolvimento do comportamento de consumidor das crianças, o que para ele, justificaria o investimento das empresas neste público. Relata que aos 2 meses as crianças começam a criar suas impressões sobre o mundo e com a ajuda dos pais nesta etapa, destacam-se os produtos essencialmente comestíveis. Aos 2 anos, pedem aos pais os artigos de consumo, principalmente aqueles comestíveis; aos 3 anos e meio, começam a ter nas fontes comerciais (televisão) suas referências quanto aos produtos que querem consumir; aos 5 anos e meio, realizam a primeira compra de produtos sem a efetiva ajuda dos pais; e, enfim, a partir dos oito anos, completam o ato da compra de forma independente.
Ressaltamos que a contribuição dos pais é essencial para a influência e a formação de hábitos alimentares saudáveis. Estes estudos mostram, claramente, que nós, futuros nutricionistas, podemos e devemos, através de ações educativas voltadas tanto para os pais quanto para as crianças, agir de forma a mudar esta realidade que hoje toma conta das famílias brasileiras, mesmo que os resultados sejam colhidos a longo prazo. Porém, apesar de os meios de comunicação possuírem significativo impacto na vida das pessoas, isso não quer dizer que a mídia, especificamente, é a responsável pela obesidade infantil.
Pode-se dizer que a "televisão não é boa nem má, e sim, ela é aquilo em que nós, como uma sociedade, a transformamos".
Por Sissa Silva.
3 comentários:
Ótima matéria, adorei o tema e achei muito bem colocado. Obrigada pela divulgação deste texto.
obrigado...
vc me ajudou com o trabalho da escola...
demais!!
obrigado...
me ajudou no trabalho...
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