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4/28/2010

Trend Report: O que é e pra que serve?

Lembram do último post que mencionei uma palestra online do StyleSight sobre tendências de moda masculina? Pois então, resolvi aproveitar esse gancho pra apresentar pra vocês um Report de Tendências de Curto Prazo.

Como a questão de domínio público desse material é bem complicada, são poucas as oportunidades que tenho de publicá-los aqui, principalmente dos portais pagos (StyleSight, LC:n, Heartbeat e etc.) pela agência que trabalho. Mas dessa vez eu, pessoa física, consegui o material e por isso tenho todo direito de usá-lo aqui.

Pra começar, um report de tendência pode ter meia página ou até 200 páginas dependendo da profundidade de análise ou do prazo de validade da tendência. Pra não ficar aqui até amanhã escrevendo vou usar um de curto prazo sobre moda masculina, que normalmente são as tendências mais curtas pra se pesquisar.

Para setores de inovação contínua e da indústria do estilo de vida(moda, beleza, tecnologia, lazer, cultura), o report é um material de consulta muito importante, além de permitir visualizar a arquitetura de informação utilizada pra chegar no conteúdo final.

A tendência de hoje é o Beatnik, estilo de vida que vem influenciar as próximas coleções de moda. O report começa explicando sobre o que é o beatnik e como no final da década de 40, alguns escritores começaram na literatura este movimento que acabou por influenciar jovens de todo o mundo, refletindo na cultura, música, cinema, moda e muito mais. Aqui já dá pra mostrar uma coisa: as tendências podem vir de qualquer lugar, a moda da literatura, a beleza do setor alimentício, a arquitetura da moda e etc.

Uma das primeiras partes de um report é a contextualização e núcleo de uma tendência, nos quais se analisa os dados históricos, as questões centrais e os principais drivers da tendência. No caso da moda, é comum utilizar referências de last seasons, da rua e de produções visuais que já apresentaram a tendência. Aqui, entra o trabalho de analistas de campo, de desk researchers e mestres das ciências sociais.

Em seguida vem um trabalho bem complexo, que é analisar se a tendência realmente é nova ou se haverá um desdobramento do comportamento atual. No caso do Beatnik, os óculos Wayfarer já estão mais que presentes nas ruas, além dos chapéus e brogues que ainda não pegaram de fato. Na verdade, a onda retrô já está por aí a bastante tempo e é uma direção que indica que o Beatnik virá contextualizado e não atualizado ou adaptado. Outra parte que aparece aqui, é a relevância dos drivers e o quanto eles tem força pra fazer uma tendência pegar. No caso do Beatnik, o movimento está sendo disseminado pelos jovens indies, que pra quem não sabe são aquelas "figuras" que substituíram os Emos nas ruas e toda sua bagagem de bandas de rock.

Também se apontam os produtores (marcas e empresas) que já deram o pontapé inicial na tendência. Na minha opinião, isso é uma arma na mão de pessoas erradas, já que muitos ao invés de criar com base na inspiração, criam com base nos inspirados, se é que vocês me entendem. No caso do Beatnik, são citados estilistas de vanguarda como Junya Watanabe, Band of Outsiders e 3.1 Philip Lim.

E por último são apresentados os conteúdos relacionados (pagos a parte, haha) da tendência, como análise de cores, estudos de modelagem e inteligência de mercado no caso de tendência de moda.

Essa brincadeira acima custa a partir de $800 dólares e demora em média de 4 a 6 meses pra ser feita, por isso as agência trabalham muito a frente do que está acontecendo pra não perder as validades.

Espero que tenha ficado claro como funciona um report de tendência pelo menos superficialmente pra vocês. Lembrando que o modelo pode ser aplicado a qualquer mercado da indústria do estilo de vida e que tenha comportamento social envolvido no consumo. Nanotecnologia e indústria farmacêutica, por exemplo, não conseguem utilizar esse modelo.

Fonte: StyleSight
Imagens: StyleSight Runway RoadMap e Springwise

Obs. Pra quem se interessou e quer conhecer um portal de tendências por dentro, a Camila do GE foi visitar o WGSN (outro gigantesco portal) em NY.

Um comentário:

  1. Arrasou Fê, falou da parte técnica que a Camila não falou. Gostei!
    E só lembrei da palestra online por sua causa hehehe..

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